![](https://static.wixstatic.com/media/7f2e0c_cb19386aa4c348b8974ae7fc28a8eee8~mv2_d_1682_1474_s_2.jpeg/v1/fill/w_1682,h_1474,al_c,q_90,enc_avif,quality_auto/7f2e0c_cb19386aa4c348b8974ae7fc28a8eee8~mv2_d_1682_1474_s_2.jpeg)
Procuradores Portugueses na China
FRANCISCO DE CORDES (1689-1768)
OUTROS DOCUMENTOS
Procuradores Portugueses na China
FRANCISCO DE CORDES (1689-1768)
OUTROS DOCUMENTOS
![selo RS2_trans.png](https://static.wixstatic.com/media/7f2e0c_b736b1c7bef1458abb0222f17fd09635~mv2.png/v1/fill/w_105,h_104,al_c,q_85,usm_0.66_1.00_0.01,enc_avif,quality_auto/selo%20RS2_trans.png)
![barra%20topo%20website%20final_edited.pn](https://static.wixstatic.com/media/7f2e0c_e325fa2558434be4a522f6f10617c56c~mv2.png/v1/crop/x_0,y_52,w_1957,h_282/fill/w_1914,h_276,al_c,q_90,usm_0.66_1.00_0.01,enc_avif,quality_auto/barra%2520topo%2520website%2520final_edited_pn.png)
![selo RS2.png](https://static.wixstatic.com/media/7f2e0c_ebca3594e9c64b3e90ca9631dce6dca5~mv2.png/v1/fill/w_192,h_188,al_c,q_85,usm_0.66_1.00_0.01,enc_avif,quality_auto/selo%20RS2.png)
ENCICLOPÉDIA DE AUTORES
Félix da Rocha
(1713-1781)
![felix da rocha, cartorio jesutico curvas](https://static.wixstatic.com/media/7f2e0c_dae733e65ab2458d9bd009bad0edb9fd~mv2.png/v1/fill/w_621,h_133,al_c,q_85,usm_0.66_1.00_0.01,enc_avif,quality_auto/felix%20da%20rocha%2C%20cartorio%20jesutico%20curvas.png)
N. 1713; A. 1728; O.S. c. 1737; U.V. 1747; M. 1781
Félix da Rocha nasceu em Lisboa, a 31 de Agosto de 1713. Foi aí que ingressou na Companhia, aos 15 anos, a 1 de Maio de 1728 (Lus., 48, fl. 44).
Os seus estudos decorreram nos anos seguintes: no Catalogi Triennales provincial de 1730 era assinalado entre os ‘Philosophi et rhetorici’ (Lus. 48, nº 233), e no de 1734 (ibid.) como ‘Philosophus 3ii anni’ (n° 176). Isto era normalmente seguido por um quarto ano de filosofia, no ano subsequente (1734-1735), mas faltam os catálogos correspondentes. Não há quaisquer provas disponíveis de um curso especial de matemática. De qualquer modo, tendo em consideração o seu envolvimento posterior no Departamento Astronómico - abaixo descrito - parece praticamente impossível que ele não tenha tido alguma instrução matemática, até mesmo algum curso 'especial', os quais não são normalmente mencionados nos Catalogi, ao contrário do que sucede com os cursos de matemática ‘curricular’ de um a dois anos. Não fora ainda ordenado sacerdote quando partiu de Lisboa, a 13 de Abril 1735 (Lus. 48, fl. 200), situação que não era invulgar.
De acordo com o tempo normal das naus da Carreira da India, chegou a Macau em finais de 1735 ou em inícios de 1736. Aí permaneceu no novo ‘Seminário’ da vice-província da China. Sabemo-lo graças à nota JS 134, fl. 434, que assinala: In seminario Macaensi pertinente ad Vice-Provinciam Sinensem: P(ater) Felix da Rocha dat operam theologiae. Lusitanus («No seminário de Macau, que pertence à Vice-Província da China: o Padre Félix da Rocha aplica-se à teologia»). Aqui terminou os seus estudos teológicos.
O Catalogi indica que foi a 12 de Janeiro de 1738 que Pinheiro entrou na missão (“Ingressus Missionem”), uma fórmula que designa a passagem de Macau para o império chinês (JS 134, fl.435). Em Pequim, recebeu o nome chinês de Fu Zuolin. Nos anos seguintes, ficou na residência de Nantang, juntamente com Ant. Gogeisl e Florian Bahr. Fez a profissão dos quatro votos a 2 Fevereiro de 1747, e assumiu várias responsabilidades, enquanto superior de Nantang e vice-provincial entre 1753 e 1759. Depois da supressão da Companhia, manteve-se em Pequim.
Em 1753 (por ocasião da embaixada de Francisco Xavier Assis Pacheco e Sampaio Melo), foi designado assessor (Qintianjianjianfu) do Departamento de Astronomia (Qintianjian), trabalhando desde 1753 como Qintianjianjoujianfu; desde 1771 como Qintianjianjianfu; desde 1774 (depois da morte de Augustin von Hallerstein) como zhililifa (que desde 1725 era designado por jianzheng). Esta promoção regular no Qintianjian sugere grandes competências e progressos no campo da astronomia. No entanto, constata-se uma opinião muito negativa por parte dos jesuítas Florian Bahr e Augustin von Hallerstein, também membros do Qintianjian, que é expressa em algumas cartas de 1752 dirigidas ao Geral Ignazio Visconti (1751-1755). Destas, apenas foi encontrada a carta de von Hallerstein, de 6 de Dezembro de 1752, com uma avaliação muito negativa das competências de Rocha enquanto colaborador no Departamento de Astronomia. Uma carta similar de Florian Bahr parece ter-se perdido.
Esta opinião explícita surge num contexto mais amplo em que von Hallerstein, o alemão que liderava o Qintianjian, se queixa da política dos superiores portugueses da missão. Segundo ele, estavam a introduzir intencionalmente o maior número possível de padres portugueses, independentemente das suas competências, por razões puramente estratégicas. Ou seja, tendo em vista "controlar" a missão e os "estrangeiros", i.e., os missionários não portugueses do Padroado. Como o relatório detalhado anunciado por Florian Bahr parece estar perdido, é difícil avaliar em que medida esta análise bastante chocante se baseia em experiências e factos reais - no sentido da escassa competência de observação e de cômputo de Rocha – ou se foi inspirada ou colorida, se não exagerada por algumas divergências pessoais. Das provas emerge, de facto, que Félix da Rocha tinha mau carácter e que usufruía de um estilo de vida luxuoso como um mandarim chinês, o que, para alguns missionários, era difícil de aceitar.
Nada disto impediu o imperador de confiar vários compromissos cartográficos e geodésicos a Rocha e a José de Espinha, o que ocorreu pela primeira vez em 1749, quando os dois padres foram enviados à “Tartária” para medições geodésicas, mais precisamente na área de Muran.
Uma ordem mais abrangente sucedeu em 1753 e tinha por objectivo cartografar a área de Oelöth. Rocha ia acompanhado por Espinha, alguns oficiais chineses (como He Guozong), o mongol Mingantu e alguns lamas. A intenção era descrever os recém-conquistados territórios da Zungária, Turquestão e parte de Bucara.
A operação – da qual temos muitos mais ecos nas fontes jesuítas e outras – demorou entre dois a três anos, período durante o qual Félix da Rocha esteve ausente de Pequim. O imperador recompensou Rocha, em 1756, com uma promoção a mandarim de segunda classe. Depois de algumas novas observações na área, em 1759, eles tinham determinado 43 posições geográficas diferentes. Os mapas finais – depois de terem sido confirmados pelo jesuíta francês Michel Benoît – foram impressos e publicados em edição xilogravada em 1761, com o título Huangyuquantu [Mapa completo do Império], seguida em 1775 por uma edição em placa de cobre, Qianlongshisanpai tu (‘Mapa do Reino de Qianlong em Treze Linhas).
Um compromisso posterior levou-o, em Agosto de 1774 e novamente em Março de 1777, ao recém-conquistado Pequeno (i.e. Oriental) Tibete, para cartografar toda a área. Esta viagem tinha também objectivos militares, ou seja, levar desenhos de artilharia “avançada” para a região, nomeadamente morteiros (chongtianpao) e “armas para atacar o céu” (popularmente designadas xiguapao), tendo em vista aumentar a precisão da artilharia manchu. Especialmente durante a segunda campanha, em 1777, Rocha conseguiu fazer um mapa da área de Jinchuan (Chuchen tibetano), que actualmente apenas existe no Arquivo Histórico Nacional nº 1 da China (Pequim).
Félix da Rocha morreu em Pequim, a 22 de Maio de 1781. Como os seus antecessores, foi enterrado no cemitério de Zhalan, onde ainda se preserva a sua lápide.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DEHERGNE, J. (1973), 204; Mémoires concernant l’histoire, les sciences (1776); PFISTER (1932-1934), 774; RODRIGUES (1925), 58-64, 119-125; SOMMERVOGEL (1890), vol. VI, col. 820; STANDAERT (2001), 762-763.
A entrada deve ser citada da seguinte forma: Noël Golvers, "Félix da Rocha (1713-1781)", in Res Sinicae, Enciclopédia de Autores, Arnaldo do Espírito Santo, Cristina Costa Gomes e Isabel Murta Pina (Coord.). ISBN: 978-972-9376-56-6. URL: "https://www.ressinicae.letras.ulisboa.pt/felix-da-rocha-1713-1781". Última revisão: 15.01.2021.